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  • Marina Xavier da Silva

Armadilhas Fotográficas

Marina Xavier da Silva

Coordenadora de campo do Projeto Carnívoros do Iguaçu – Paraná - Brasil

e-mail: carnivorosdoiguacu@icmbio.gov.br



COMO CITAR ESTE ARTIGO

Da Silva, M. X. (2011). “Armadilhas Fotográficas”. Blog Fotografia Científica. Disponível em http://lebioufpr.wixsite.com/lebio/single-post/2016/11/29/Armadilhas-Fotogr%C3%A1ficas

Acesso em xx/xx/xxxx.


Armadilhas fotográficas (AFs) passaram a ser mais utilizadas na década de 90 com o início dos trabalhos de Ullas Karanth com tigres na Índia. Ao longo dos anos os equipamentos foram sendo aprimorados e se tornaram cada vez mais populares e hoje são itens comuns em supermercados nos países mais desenvolvidos. Dos mais diferentes tipos ao mais variados usos, as armadilhas fotográficas possuem grande versatilidade e se adaptam facilmente às diferentes condições climáticas e objetivos de estudo.


Uma armadilha fotográfica é uma caixa estanque, normalmente camuflada, em cujo interior há uma máquina fotográfica ou algum sistema capaz de armazenar imagens, associados normalmente a sensores de infravermelho capazes de detectar movimento e calor. Como a captura ocorre por meio do registro fotográfico, são considerados equipamentos não invasivos, ou seja, não estressam e nem promovem qualquer tipo de lesão nas espécies capturadas. Seu maior objetivo e uso é justamente a captura de espécies de difícil visualização, como espécies noturnas e raras.


O Brasil já fabrica AFs há alguns anos e, embora, não sejam competitivas no mercado internacional, possuem grande aceitação em nosso país, principalmente pela facilidade na aquisição e garantia de assistência permanente. Em todos os países os equipamentos evoluíram do modelo convencional com o uso de filme fotográfico, para o modelo digital que possibilitou maior qualidade, aumento da capacidade de armazenamento de imagens e redução considerável no tamanho e peso das AFs. Quase todos os equipamentos permitem a impressão de data e hora nas fotos obtidas e há uma grande variação de configurações que permitem o controle da quantidade de fotos a serem obtidas, intervalo entre os disparos, maior ou menor sensibilidade dos sensores e até mesmo, captura com visão noturna sem o uso do flash.


Avanços consideráveis ocorreram também nos modelos estatísticos que regem e orientam os estudos ecológicos com estes equipamentos. Assim, desde a evolução tecnológica das armadilhas fotográficas às mais complicadas análises científicas há, de fato, uma ciência! Como ferramenta de estudo, pode desempenhar muito bem seu papel quando devidamente utilizada.


É extremamente importante que o usuário se familiarize com os recursos e potencialidades do seu equipamento e que faça testes pilotos antes de ir, de fato, a campo. Como todo equipamento fotográfico, exige conhecimento e prática para captura de boas imagens. O desafio torna-se ainda mais interessante na disposição do equipamento na natureza. Lembre-se: você deverá ser capaz de encontrar um lugar que permita o funcionamento adequado de seu equipamento (angulação dos sensores, espaçamento do flash) com o maior número possível de chances de registrar sua espécie-alvo de estudo. E este é realmente um grande desafio!


O uso das AFs permitiu o registro de espécies raras em seu ambiente natural e revolucionou a maneira de se obter dados ecológicos (de demografia, por exemplo) antes muito difíceis de serem obtidos. Ainda mais interessante é a popularização do uso que permitiu a cidadãos comuns e até mesmo crianças de se divertirem com estes equipamentos e colocou a natureza ainda mais perto dos seres humanos.

O trabalho com armadilhas fotográficas (AFs) é realizado no Parque Nacional do Iguaçu através do Projeto Carnívoros do Iguaçu que trabalha pela conservação da onça-pintada (Panthera onca) na Mata Atlântica de interior.

Onça-pintada (Panthera onca) registrada com armadilha fotográfica no Parque Nacional do Iguaçu, PR

Monitoramentos fotográficos são realizados conjuntamente com os pesquisadores da Argentina que desenvolvem projeto semelhante em seu país, estabelecendo a maior campanha deste tipo no mundo.


A amostragem com armadilhas fotográficas é realizada com o intuito de monitorar a população ao longo dos anos através de estimativas de densidade populacionais pelo modelo de captura-marcação e recaptura (CMR). Para este fim, as AFs são distribuídas em um grid de amostragem rigorosamente estabelecido para atender a todas as premissas do CMR.


Até o momento 3 campanhas já foram realizadas sendo apenas uma em parceria com os argentinos. As AFs não só registraram algumas onças-pintadas, reconhecidas e individualizadas por seus padrões de pintas, como também revelaram a presença de um mamífero ainda desconhecido para o parque; o tamanduá-bandeira (Mymercophaga tridactyla).

Tamanduá-bandeira (Mymercophaga tridactyla) registrado com armadilha fotográfica no Parque Nacional do Iguaçu, PR

O Projeto Carnívoros do Iguaçu é um projeto do Parque Nacional do Iguaçu em parceria com o CENAP/ICMBio, IPÊ e Instituto Pró-Carnívoros, sendo patrocinado pela rede hoteleira Orient-Express através do Hotel das Cataratas que opera no interior do parque.

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