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Projeto Moluscos de Currais

Caracterização da malacofauna do Parque Nacional Marinho das Ilhas dos Currais e suas interações ecológicas com as demais ilhas costeiras do litoral do Paraná

O filo Mollusca é o segundo maior do reino animal em número de espécies, atrás apenas dos artrópodes. Estes animais ocupam diversos hábitats, desde os trópicos até as águas geladas dos mares polares (Hickman Jr. et al., 2004). A importância dos moluscos não se destaca quanto ao ponto de vista de povoamento da Terra, onde o homem e os insetos são os animais dominantes, porém no mar, são imperadores de riqueza e diversidade (Santos, 1955).

 

Em termos de biomassa os moluscos dominam os níveis tróficos iniciais de muitos sistemas aquáticos, sendo um grupo muito bem sucedido, tanto em número de indivíduos quanto em espécies (Russel-Hunter, 1993). Também tem grande importância para a economia, sendo usados na alimentação, artesanato, para fins farmacológicos e com registros de uso desde tempos pré-históricos como adornos, utensílios de corte e abrasão (Simone, 2003; Gernet & Birckolz, 2011). 

O conhecimento das espécies de moluscos que habitam os ecossistemas costeiros brasileiros ainda é insipiente e apesar de haver um conhecimento mais amplo das espécies que habitam outros ecossistemas marinhos, ainda há muito a ser estudado. De acordo com Simone (1999), o Litoral Sul brasileiro ainda não foi satisfatoriamente explorado, contrastando com o litoral Norte, que apresenta a maior representatividade de espécies em coleções e na literatura. Em termos de conhecimento da malacofauna brasileira pode-se dizer que existe uma grande carência de trabalhos na área, com publicações muitos esparsas e localizadas e carência de dados básicos da biologia da maioria das espécies. Também há poucos grupos de pesquisa consolidados no país, centralizando a produção científica nacional em poucos laboratórios localizados principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul (Colley et al., 2012).

 

No Estado do Paraná o estudo da malacologia contou com o esforço pioneiro de Frederico Lange de Morretes, com projeção internacional de suas obras (Morretes, 1949; 1953) e também de Carlos Nicolau Gofferjé (Gofferjé, 1950), cujos trabalhos serviram de base para futuros estudos.

 

Com a morte precoce de Lange-de-Morretes em 1954, ocorreu uma estagnação da malacologia paranaense, situação observada ainda hoje, principalmente no que diz respeito ao ambiente terrestre (Colley, 2012).

No litoral do Paraná, os moluscos têm também uma grande importância econômica, já que são cultivados por muitas comunidades como fonte adicional de renda. A Ostra do Mangue Crassostrea brasiliana (Lamarck, 1819) apresenta um grande potencial para a maricultura no Estado, mas também carece de pesquisas sobre sua biologia. Ao mesmo tempo, outras espécies também poderiam apresentar potencial para serem cultivadas, mas necessitam de estudos de suas populações no ambiente natural. São exemplos as vieiras Nodipecten Nodosus (Linnaeus, 1758) e Euvola ziczac (Linnaeus, 1758). Espécies de grande interesse econômico, nativas de quase toda a costa brasileira, mas que no Paraná tiveram suas populações extremamente reduzidas em função, provavelmente, da pesca de arrasto e hoje vivem isoladas em pequenas populações nas ilhas costeiras do Estado, onde o conhecimento da malacofauna também é escasso (Shumway & Parsons, 2006) (Wangüemert et al, 2000).

 

Desta forma, estudar com mais profundidade os moluscos do litoral do Paraná representa fornecer subsídios para a conservação, para a gestão de Unidades de Conservação, para um maior entendimento da dinâmica dos ambientes marinhos e costeiros do Estado e para uma gestão equilibrada dos recursos pesqueiros e da aquicultura. O projeto será focado no Arquipélago de Currais, um conjunto de três ilhas que em 2013 foi decretado como o primeiro parque nacional marinho do litoral paranaense (Lei 12.829/2013), devido a seu grande potencial de importância ecológica. 

Ilhas dos Currais:

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